O paddock está em chamas com rumores de que duas equipes serão punidas pela FIA na quarta-feira – veja como isso pode acontecer.
Vamos observar a convenção e chamá-la de “limite de orçamento” para refletir a escala do grande drama desta semana na Fórmula 1.
O órgão dirigente do esporte se reúne na quarta-feira para decidir sobre as supostas violações do limite de gastos de US$ 145 milhões introduzido na última temporada que as equipes devem observar.
O paddock de Cingapura estava pegando fogo com especulações que se concentravam na suposta culpa da Red Bull e da Aston Martin. O primeiro, respondendo a fortes sugestões da Mercedes e da Ferrari, negou veementemente.
Abaixo está um resumo do que está acontecendo, por que é importante e o que está em jogo:
Qual é o limite de orçamento e por que foi introduzido?
O teto orçamentário foi introduzido como uma resposta aos custos crescentes de competir na Fórmula 1. O esporte há muito estava de olho nos hábitos de consumo que cresceram nos anos de fartura para alcançar gastos anuais das grandes equipes – Mercedes, Ferrari e Red Bull – de mais de US$ 300 milhões por ano.
Isso não apenas desfigurou a competição, forçando grandes instituições como McLaren e Williams para o fundo do grid e outras para fora do esporte, como se tornou insustentável no cenário pós-Covid. O limite orçamentário foi finalmente anunciado em 2019 para lançamento em 2021 para conter custos e resolver o desequilíbrio competitivo.
Um limite inicial de US$ 175 milhões foi definido para 2021 com base em uma temporada de 21 corridas. Isso foi reduzido para US$ 145 milhões como consequência do Covid, caiu para US$ 140 milhões este ano e será reduzido ainda mais para US$ 135 milhões de 2023-25. Mas será feita uma provisão para o aumento do calendário para 24 corridas.
O que está sendo dito?
Relatos na Itália – Gazzetta dello Sport incluído – que antecederam o GP de Cingapura alegaram que a Red Bull havia gastado significativamente mais que os USD 145 milhões permitidos em 2021. O chefe da equipe Mercedes, Toto Wolff, referiu-se à escala de gastos excessivos de uma equipe como um segredo aberto. Wolff, com o apoio do diretor de corrida da Ferrari, Laurent Mekies, pediu a punição máxima para os culpados.
“Todos nós fomos investigados diligentemente e, até onde entendemos, há uma equipe em pequena violação, que é mais processual, e outra equipe que violou de o limite de forma massiva e ainda está sendo analisada. Isso é um segredo aberto no paddock”, disse Wolff.
A Aston Martin foi identificada como o menor transgressor. A Red Bull nega qualquer irregularidade e acusou seus rivais de encrenqueiros arbitrários. O chefe da equipe, Christian Horner, afirmou que foi uma tática dissimulada implantada no primeiro fim de semana que Max Verstappen poderia ganhar o título. A Aston Martin disse que estava trabalhando em sua posição com a FIA.
Como o teto de custo é policiado?
A FIA criou uma nova unidade Cost Cap Administration para monitorar os gastos das equipes. Todas as 10 equipes foram obrigadas a enviar até 31 de março deste ano uma auditoria completa de seus gastos para 2021 para receber um certificado de conformidade.
Quarta-feira, 5 de outubro, é o dia marcado para a emissão desses certificados. Um painel de juízes independentes tem o poder de aplicar punições a qualquer equipe que gaste demais.
Que penalidades estão disponíveis para o painel?
Um gasto excessivo de até 5% é considerado uma violação menor. Qualquer coisa acima disso é considerada uma violação material e atrairá punições bem mais severas.
As punições variam de deduções de pontos a suspensões de corrida, limitações em testes, punições financeiras equivalentes a uma redução no teto orçamentário e, no extremo da escala, expulsão dos campeonatos de construtores e pilotos.
Existe um precedente. No escândalo de espionagem sobre a Ferrari em 2007, a McLaren foi ‘expulsa’ do campeonato de construtores perdendo todos os pontos e recebeu uma multa de US$ 100 milhões pela posse ilegal de um dossiê de projetos da Ferrari.
O que pode acontecer na quarta-feira?
Quando o teto orçamentário foi lançado, o diretor esportivo da F1, Ross Brawn, alertou que a política teria força e que o não cumprimento das regras poderia levar à perda de um campeonato.
Wolff se esforçou para apontar a gravidade do problema, alegando que os benefícios de um grande gasto excessivo em 2021 seriam transferidos para 2022 e 2023 como resultado das vantagens de projeto incorporadas. Ele não pediu punições explícitas, apenas expressou a esperança de que o grau de seriedade seja atendido por uma sanção apropriada.
Coube a alguns comentaristas apontar como a Mercedes se beneficiaria da sanção máxima se fosse aplicada a 2021 e à Ferrari em 2022, o que pode explicar por que essas equipes tiveram mais a dizer em Cingapura, apesar de os chefes de todas as outras equipes terem se manifestado fortemente a favor de punições severas.
Pode ser que a FIA, que alegou que as alegações contra a Red Bull eram infundadas, simplesmente exponha os fatos no anúncio de certificação e adie a entrega de punições para uma análise mais aprofundada.